Palavra do Calendário da PANIB para Março de 2020
Palavra do Calendário da PANIB para Março de 2020:
“Hoje tomo o céu e a terra como testemunhas contra vós: eu te propus a vida ou a morte, a bênção ou a maldição.
Escolhe, pois, a vida para que vivas tu e a tua descendência” (Dt 30,19).
Se temos diante de nós uma situação que nos dá a possibilidade de escolha entre a vida e a morte, entre a benção e a maldição, parece-nos a princípio uma tarefa bastante simples, pra não dizer quase óbvia. Mas quando olhamos como de fato acontecem as escolhas na nossa vida reconhecemos que frequentemente nos deixamos sugerir pelas paixões e pelo mal, nos deixamos seduzir pelo ego que leva a busca de soluções imediatistas e ao final nos leva a escolher uma vida não coerente com a nossa verdadeira vocação de homens/mulheres e cristãos. É verdade que como tem afirmado muitos teóricos, vivemos o fim do cristianismo sociológico. Mais do que nunca, começa a fazer sentido a afirmação de Tertuliano: “Não se nasce cristão, se torna”. Ser cristão é uma questão de escolha. Deste modo, é fundamental crescer na compreensão de nós mesmos, na capacidade de discernir as moções que nos agitam e nos levam a agir e a fazer as nossas escolhas.
Todos procuramos um caminho que nos leve a encontrar Deus e que possa nos transformar o coração de modo que na vida possamos viver não baseados em normas exteriores, mas a agir de modo que nos aproximemos de Deus e que nos tornemos verdadeiramente filhos seus. Desejamos a verdadeira liberdade que está no viver como filho de Deus. A vida de filhos de Deus nos liberta de fato dos condicionamentos gerados das coisas, das pessoas, de nós mesmos, condicionamentos dos quais muitas vezes nos tornamos escravos e que nos tiram a verdadeira alegria.
Mas enquanto ainda não alcançamos em definitivo a nossa meta e estamos como que no meio da estrada, podemos ao menos decidir com coragem, num renovado empenho missionário, de “passar à outra margem”. A exortação de Papa Francisco é clara: “É bom, sobretudo quando os tempos são difíceis, quando não faltam provas e sofrimentos, quando o futuro é incerto e nos sentimos cansados , com medo de não poder vivê-lo, é bom reunir-se em torno do Senhor… para alegrar-nos com sua presença, com a vida nova e a salvação que nos propõe, como uma outra margem verso ao qual devemos tender”[1]. “Esta outra margem é, certamente, a vida eterna, o Céu onde somos aguardados… Esta vida eterna não é uma ilusão, não é uma fuga do mundo; essa é uma realidade poderosa que nos chama e que nos compromete à perseverança na fé e no amor”[2]. Isto significa que atraídos para o fim que almejamos e perseverantes no caminho da santificação é que nos tornamos autenticamente cristãos, e estaremos sempre abertos à vida, livres para escolhê-la e atentos ao seu clamor, no clamor dos irmãos mais necessitados.
Ir. Matilde Tiemi Makiyama, ICJ
[1] Papa Francisco na visita à Republica da África Central.
[2] Idem.
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