Dom Julio Endi Akamine

Dom Julio Endi Akamine

Nascido em Garça (SP), no dia 30 de novembro de 1962, padre Júlio fez seus estudos de filosofia na Universidade Católica do Paraná, em Curitiba, e teologia no Studium Theologicum, também na capital paranaense. Ordenado padre no dia 4 de julho de 1988, padre Júlio fez mestrado e doutorado em Teologia Sistemática na Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma.

Padre Júlio foi vigário paroquial e, depois, pároco da paróquia Santo Antônio em Cambé; reitor do Seminário Maior Palotino, em Curitiba; assessor da Organização dos Seminários e Institutos Filosofófico-teológicos do Brasil (OSIB) no Regional Sul 2 da CNBB (Paraná), secretariado geral da SAC para a Formação; consultor local da Comunidade da Casa Geral, em Roma; diretor Espiritual do Seminário Maior Palotino, em Curitiba; reitor da Província São Paulo Apóstolo; professor de teologia no Studium Theologicum.

09 de julho de 2011

ORDENAÇÃO EPISCOPAL DE DOM JULIO ENDI AKAMINE

DOM JULIO ENDI AKAMINE – PRIMEIRO BISPO NIPO-BRASILEIRO

Não desanimemos de fazer o bem!

A Arquidiocese de São Paulo celebrou na tarde deste sábado (9) a ordenação episcopal de dom Júlio Endi Akamine, novo bispo auxiliar de São Paulo. A celebração foi presidida pelo arcebispo metropolitano de São Paulo, cardeal dom Odilo Pedro Scherer, e concelebrada por inúmeros bispos e arcebispos, além de muitos padres, a maioria da Região Episcopal Lapa, para onde o novo bispo será designado, e padres palotinos, congregação da qual o bispo recém ordenado era provincial até a sua nomeação episcopal.

A catedral da Sé estava lotada para a celebração, que contou com a presença de representantes da colônia japonesa e de religiões orientais, uma vez que dom Julio é o primeiro nipo-brasileiro nomeado bispo.

“Com a ordenação de um novo bispo, estamos realizando uma to importante na vida da Igreja”, ressaltou dom Odilo, no início da sua homilia. Ele recordou que Jesus escolheu os apóstolos e os enviou pelo mundo “a fim de que, cheios do Espírito Santo, anunciassem o Evangelho”.

No bispo, com seus presbíteros, está presente na Igreja o próprio Jesus Cristo, Senhor e pontífice eterno. Pelo ministério do bispo é Cristo que continua a proclamar o Evangelho e a distribuir, aos que creem, os sacramentos da fé”, destacou o cardeal.

Dom Odilo ainda convidou todo o povo a acolher com alegria o novo bispo. “Ele [dom Julio] será ministro de Cristo e dispensador dos mistérios de Deus, pois a ele foi confiado, testemunhar a verdade do Evangelho e o ministério do Espírito de santidade”, disse o arcebispo.

“Lembra-te que foste tirado dentre os homens e colocado a serviço deles nas coisas de Deus”, exortou o cardeal, lembrando que “o episcopado é um serviço e não uma honra”. “O bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado, que pelas honrarias recebidas”.

O rito de ordenação episcopal é marcado pela imposição das mãos de dom Odilo e dos demais bispos sobre a cabeça do eleito, que em seguida é ungida com o óleo do Crisma. Depois de receber as insígnias episcopais – o anel, sinal de fidelidade; a mitra, sinal de santidade; e o báculo, sinal do serviço pastoral –, dom Julio foi aclamado pelos milhares de fiéis que lotaram a catedral da Sé. Após a comunhão, o bispo recém ordenado percorreu a catedral abençoando os fiéis. Em seguida, o chanceler da Arquidiocese, padre Eduardo Vieira dos Santos, leu o decreto de nomeação e a posse de dom Julio como vigário episcopal da Região Lapa, onde será acolhido neste domingo, às 15h, na Paróquia Nossa Senhora da Lapa.

Em seu primeiro pronunciamento como bispo, dom Julio falou que passou os dias que antecederam sua ordenação episcopal com muita serenidade. Ele agradeceu pela acolhida da Arquidiocese e reforçou sua disposição em servir à Igreja de São Paulo. “ Espero servi-la com a mesma dedicação infatigável que ela como mãe cuida de seus filhos”, disse.

Dom Julio reconheceu o apoio que recebeu de sua mãe, Teruco Oshiro Akamine, de quem recebeu muitos conselhos. “„Filho, lembre-se, quanto mais você sobe na arvore, mais fino é o tronco e mais forte é o vento‟”, contou dom Julio.

Por fim, dom Julio motivou os fiéis à prática do bem. “Não desanimemos de fazer o bem, não nos cansemos de buscar a verdade.”

Alocução

Muitos me perguntaram, ao longo desses dois meses, como eu me sentia, se estava apreensivo com a ordenação, se estava dormindo bem. Vivi esses últimos meses com grande serenidade. Tive a graça de me dedicar à oração e ao estudo.

Agradeço a Deus por esse tempo. Ele me fez tomar consciência da necessidade de me aperfeiçoar no magistério e no serviço à Palavra de Deus, cujo exercício sou chamado a assumir.

Agostinho escreveu, na Páscoa do ano de sua ordenação, ao seu bispo, Valério: “Nesta vida, sobretudo neste tempo, nada há de mais difícil, laborioso, perigoso e, ao mesmo tempo, mais feliz diante de Deus do que a dignidade de bispo, de presbítero ou de diácono, se se milita no modo em que o nosso imperador manda”.

A missão de ensinar deve se distinguir mais pela qualidade do que pela quantidade. Falar menos e fazer mais não é sinal de impotência, mas de sabedoria. Em alguns casos, também o silêncio é uma forma de magistério, quando, com esforço e com fadiga, o silêncio é expressão da busca da verdade. A gente só se aproxima da verdade na medida em que se mantém em busca dela e empenha nela todas e as melhores forças.

Meus irmãos e irmãs: “não desanimemos de fazer o bem”; não nos cansemos de buscar a verdade, não deixemos de ouvir a Palavra, não desistamos de vivê-la e de testemunhá-la.

Agradeço à Arquidiocese de S. Paulo pelo seu testemunho luminoso, pelo bem que ela faz sem desanimar, pelo cuidado incansável que ela tem pelos pobres e necessitados. Na pessoa do seu Arcebispo, D. Odilo Pedro Cardeal Scherer, e na dos Bispos Auxiliares (D. Tarcísio Scaramussa; D. Edmar Peron; D. Joaquim Carreira; D. Tomé da Silva; D. Milton Kenan Junior) quero reconhecer, admirado e agradecido, o zelo pela salvação das pessoas, o carinho extremo pelos mais pobres e a preocupação cotidiana pelos fiéis que distinguem a Igreja de S. Paulo. Por ela sou acolhido, e espero servi-la com a mesma dedicação infatigável que ela, como mãe, cuida de seus filhos.

Aos fiéis da Região Episcopal Lapa (padres, diáconos, religiosos/as e leigos) prometo me empenhar cotidianamente em fazer o bem. Tenho com vocês uma dívida de amor que eu abraço como um fardo suave e um jugo leve. A vocês que, há tempos, sem desanimar e ocultamente, fazem o bem, desejo me juntar.

Agradeço a presença dos Bispos concelebrantes. O afeto de vocês me ampara e me conforta: no exercício do ministério, no empenho assíduo de fazer o bem, o bispo jamais está só porque sempre está com seus irmãos no episcopado e com aquele que o Senhor escolheu como sucessor de Pedro.

Agradeço na pessoa do Consultor Geral, Pe. Gilberto Orsolin, na do Reitor Provincial, Pe. José Elias Fadul, na do vice-provincial de Santa Maria, Pe. Edgar Ertl e do consultor provincial, Pe. Clésio Facco, tudo o que recebi dos palotinos. Nós, além das promessas de castidade, pobreza e obediência, acrescentamos outras três: as de comunhão de bens, de perseverança e de espírito de serviço. Não pude deixar de me lembrar dessa última promessa palotina quando li no ritual de ordenação: “o episcopado é um serviço e não uma honra; o bispo deve distinguir-se mais pelo serviço prestado que pelas honrarias recebidas”. Espero ser um bom palotino, sendo um bom bispo. Com vocês, me esforçarei em perseguir incessantemente o bem e me manter desinteressado e livre de aspirações ambiciosas.

Agradeço os presbíteros presentes, de modo especial, os assistentes: Pe. Antônio Fernando Rossini, amigo desde os tempos de seminário menor, com quem tive a alegria de ser ordenado padre há mais de 23 anos; e o Pe. Jesus Flores, que, no dia 30 de dezembro de 1962, me batizou. O dia do batismo é mais importante do que o dia da ordenação, porque o batismo é o penhor da salvação. A ordenação é um serviço e um encargo; o batismo nos dá a dignidade de ser filho de Deus. Bispo é um título que se recebe quando se assume uma responsabilidade na Igreja; cristão é o nome e o resultado de uma graça incomensurável.

Lembro hoje de meu pai, “Seu” Xico, falecido em 1998. Honrando sua memória, agradeço a meus familiares: Mye, Rai, Clara e Luisa – Issao, Larissa, Marina, Gustavo e Carol – Hideo e Roseli. Agradeço a minha mãe, D. Rosa, pelos seus muitos e sábios conselhos.

Na pessoa da superiora provincial, Irmã Zenita Bisognin, saúdo os consagrados e as consagradas. Praticar o bem sem desanimar significa me empenhar em fazer com que vocês se sintam parte viva da comunidade arquidiocesana, sejam conhecidos e valorizados em sua consagração a Deus. A Arquidiocese de S. Paulo tem como destaque pastoral uma exortação: “Paróquia, torna-te o que tu és”. Exorto os membros dos Institutos de vida consagrada e das Sociedades de vida apostólica: “Vida Consagrada, torna-te o que tu és”.

Agradeço as autoridades civis que se fazem presentes a esta celebração.

Na pessoa dos casais Luis e Marluce, Wilson e Teresa saúdo todos os fiéis leigos que vieram de tantos lugares e paróquias. Saúdo também todos os que nos assistem pela Rede Vida, pela Rede Canção Nova e pela internet através do website da Arquidiocese de S. Paulo. A oração de todos vocês nos sustenta e nos impulsiona a perseverar até o fim, a consumir a vida na prática do bem.

Uma saudação especial vai aos membros da comunidade e nipo-brasileira. Sou neto de imigrantes japoneses. Meus avós partiram de Okinawa e vieram ao Brasil em 1930, trazidos pelo navio “Plata Maru”. Eles buscavam riqueza; no Japão, tinham lido num panfleto que enaltecia a riqueza desta terra: “No Brasil, há uma árvore com frutos de ouro. Basta estender a mão para colhê-los!”. Aqui, eles não acharam a riqueza prometida. Encontram, porém, outra árvore: a árvore da cruz. Meus avós, talvez, nunca teriam conhecido o Cristo se não tivessem vindo ao Brasil e se não tivessem encontrado aqui cristãos que testemunharam, de maneira viva, a beleza e a felicidade da fé em Cristo. O que sou hoje, e o que sou chamado a ser para a Arquidiocese de São Paulo, eu o devo aos cristãos que trouxeram meus avós e minha família para a fé.

Meus irmãos e minhas irmãs, para Deus, nenhuma iniciativa de bem, nenhum ato de bondade e de solidariedade é em vão. Deus recolhe, em sua misericórdia e amor, todos os nossos sorrisos e nenhuma lágrima, que cai de nossa face, lhe escapa. O Pai vê e reconhece o bem que realizamos por causa de Cristo e em seu nome. O bem que fazemos, mesmo que não seja reconhecido pelos outros, está destinado à glorificação da ressurreição. Crer na ressurreição da carne significa crer que no Pai nós não só daremos o nosso último respiro, mas que nele encontraremos toda a nossa história glorificada e transfigurada na história de Cristo.

Meus irmãos e irmãs: “não desanimemos de fazer o bem”!


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