CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020

CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2020 

Tema: Fraternidade e vida: dom e compromisso

Lema: Viu, sentiu compaixão e cuidou dele (Lc 10,33-34).

 

O significado do cartaz da CF 2020

O cartaz da Campanha da Fraternidade 2020 (CF 2020), cujo tema é “Fraternidade e vida: dom e compromisso”, remete à figura da Santa Irmã Dulce dos Pobres, o Anjo Bom da Bahia, que foi canonizada em outubro de 2019, pelo Papa Francisco.

A Santa Dulce dos Pobres é uma das representações do “bom samaritano dos nossos tempos”. Por isso, sua imagem é apresentada em perspectiva de destaque no cartaz.

O cartaz apresenta, ao fundo, o bairro do Pelourinho, em Salvador, capital baiana, berço de nascimento da Santa Dulce. As pessoas estão na rua, área comum de encontro e convívio, mas também onde se vivenciam dores e angústias. Assim, contemplamos uma Igreja em saída, que está nas ruas e vai ao encontro das pessoas.

Na ilustração, as pessoas que cercam a Santa Dulce simbolizam uma população vulnerável, que clama por vida em plenitude. É possível perceber também a pluralidade que engloba diferentes faixas etárias, etnias e outras particularidades típicas de uma população multicultural, em um país com dimensões continentais como o Brasil.

É a Irmã Dulce que cuida. É cuidar das pessoas que estão próximas a nós. Onde estou é lugar de cuidado da pessoa, do mundo, da ecologia. Amar é fazer o bem! Daí a beleza do cartaz, que está sintonizado com as Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora no que diz respeito ao pilar da caridade.

 

Parte I: O olhar de Jesus – atenção aos outros

 Diante do convite para vivermos, nesta Quaresma, uma profunda conversão, temos duas maneiras de olhar que são apresentadas por Jesus na parábola do Bom Samaritano: um olhar que vê e passa em frente, vivido pelo sacerdote e pelo levita; e um olhar que vê e permanece, se envolve, se compromete, vivido pelo samaritano.

Aos olhos de Jesus, aquele ‘homem caído’, acolhido pelo Bom Samaritano, são todas aquelas pessoas humanas que sofrem e estão ameaçadas de se tornarem invisíveis, excluídas, descartadas.

O ‘homem caído’ (do bom samaritano) se expande e se manifesta em inúmeras formas de sofrimento. É a vida agredida nas mais diversas formas, desde a fecundação até a morte. É a forte crise de sentido, que gera desesperança, esgotamento existencial, depressão, chegando até o suicídio, uma realidade da qual ninguém está livre.

O olhar de Jesus chama atenção também para o olhar que destrói a natureza. A natureza requer nosso cuidado para oferecer a nós o melhor ar para respirarmos; a melhor água para nos saciar; o melhor frescor da brisa suave em tempos cálidos; a chuva mansa que traz a vida à terra. Terra que é mãe a nos oferecer seus mais belos frutos. Mãe que cuida e a quem devemos cuidar.

O olhar de Jesus pede atenção para a indiferença que exclui a vida. Para que tenhamos um futuro verdadeiramente humano, não é suficiente rejeitar o mal (lucro acima das pessoas, consumismo desenfreado, desrespeito à vida dos mais pobres, indiferença com a situação dos mais frágeis, cultura do descartável humano etc.); mas é preciso construir juntos o bem.

Então, Jesus nos pergunta: Qual deve ser o nosso olhar? Devemos ter claro que assumir o olhar solidário capaz de cuidar, como modo de ser no mundo, nos permite ir além do egoísmo e da indiferença. O cuidado reinstaura o espaço da graça e da leveza diante do mundo e de todas as formas de vida, gerando um novo laço de amor entre nós.

Que essa reflexão possa contribuir para o objetivo geral da CF 2020, ou seja: “Conscientizar, à luz da Palavra de Deus, para o sentido da vida como Dom e Compromisso, que se traduz em relações de mútuo cuidado entre as pessoas, na família, na comunidade, na sociedade e no planeta, nossa Casa Comum”.

 

Parte II: Compaixão de Jesus – romper com a indiferença

Se, por um lado, o olhar da indiferença gera tanto mal, o olhar da compaixão pode fecundar o bem no coração humano e conferir verdadeiro sentido à vida. Na parábola do Bom Samaritano, o olhar que Jesus nos ensinou é o olhar daquele que se compromete com o outro. Um olhar interessado, não em si mesmo, mas no bem do próximo, seja ele quem for: simpático ou antipático, de qualquer etnia ou religião, amigo ou inimigo. O olhar da compaixão gera um “permanecer com”, uma presença que salvaguarda, cuida e transforma a vida de quem mais precisa.

Nesta Quaresma, somos chamados a exercitar esse olhar de Jesus. Somos interpelados a transformar nosso modo de ver, sentir, conviver, conformando-nos à verdade que Ele nos ensinou. Esse novo olhar precisa gerar e promover a vida, defendê-la e dela cuidar desde a fecundação até a plenitude. Não somente a vida humana, mas também todas as formas de vida, respeitando e preservando a natureza. Ainda que vejamos ameaças à vida, existem também muitos olhares de compaixão, ternura, amor, solidariedade, carinho: olhares de fraternidade.

Em uma época na qual a indiferença vai tomando conta das consciências e dos corações, a Quaresma se mostra como tempo importante para a reflexão sobre a misericórdia e a compaixão. A compaixão é uma característica essencial da misericórdia de Deus. Nos gestos e ações do bom samaritano, reconhecemos o agir misericordioso de Deus em toda a história da salvação.

Acolher essa proposta de Jesus, de sentir compaixão, como sentiu compaixão o bom samaritano pelo irmão caído, exige uma autêntica resposta às seguintes perguntas: * Estou disposto a fazer o mesmo? * Quero concretizar para os irmãos e irmãs a mesma compaixão e cuidado que o Senhor tem para comigo? * Estou disposto a não ignorar ninguém que me pede ajuda, apoio, socorro, presença, consolação?

Se cada um de nós não se fizer essas perguntas, pelo menos uma vez na vida, não poderá dizer que tem verdadeiramente fé e talvez, não poderá nem dizer que é efetivamente humano, enquanto imagem e semelhança de Deus.

 

Parte III: O cuidar de Jesus – disposição em servir

Um dos passos do nosso AGIR não poderia ser outro senão este: como discípulos missionários daquele que é Vida, resgatar o sentido do viver no horizonte da fé cristã proclamando a beleza da vida. “Fazei coisas belas, mas, sobretudo tornai as vossas vidas lugares de beleza” (Bento XVI).

A vida, enquanto lugar de manifestação de uma beleza única, só será redescoberta assim quando abrimos nossos corações a uma real convivência com o outro. Somos todos irmãos! AGIR como o Bom Samaritano supõe um novo aprendizado: empregar nossos melhores recursos, humanos, materiais e espirituais, para que aqueles que estão fragilizados, desfigurados pela dor possam reencontrar, com o auxílio da fraternidade, a dignidade da vida: “Cuida dele, e o que gastares a mais, eu o pagarei quando eu voltar” (Lc 10,35).

Com a Campanha da Fraternidade 2020, somos convidados a proclamar que a vida, Dom e Compromisso, é essencialmente samaritana. Convertidos pela Palavra de vida e salvação, somos convocados a AGIR, a testemunhar e estimular a solidariedade; fortalecer a revolução do cuidado, da ternura e da fraternidade como testemunho de vida dos discípulos missionários, daquele que oferece vida em plenitude. A missão evangelizadora brota de um coração capaz de cuidar e de ser cuidado.

A fé nos faz próximos, aproxima-nos da vida dos outros. A fé desperta o nosso compromisso com os outros, desperta nossa solidariedade; a fé que não se faz solidariedade é uma fé morta. É necessário promover a solidariedade com os sofredores, como sinal privilegiado a interpelar e a permitir o diálogo com o mundo que aí está. Enquanto ele tende ao individualismo que acaba por excluir, a vivência do Evangelho necessita explicitamente gerar experiências de solidariedade e inclusão. Junto aos que sofrem, especialmente os que sequer têm direito à sobrevivência, a Igreja é chamada a reproduzir a imagem do Bom Samaritano (DGAE 2019-2023, n. 174).

Em nosso AGIR evangelizador, temos, diante de nós, à disposição, duas bacias com água: de um lado, a bacia utilizada por Pilatos, símbolo da indiferença e da omissão; do outro lado, a bacia utilizada por Jesus no Lava-Pés, sinal de terno cuidado e compromisso para com o serviço. Serviço evangelizador que dá visibilidade ao Reino de Deus presente no mundo. Qual das duas bacias temos utilizado como evangelizadores?

 

Fonte: Texto-Base CF 2020, CNBB.

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