O Evangelho da Amizade Social – Dom Julio Endi Akamine

O Papa Francisco nos exorta a uma conversão social e faz um alerta: “é fácil cair na retórica, quando se fala dos pobres. Tentação insidiosa é também parar nas estatísticas e nos números. Os pobres são pessoas, têm rosto, uma história, coração e alma. São irmãos e irmãs com seu valores e defeitos, como todos, e é importante estabelecer uma relação pessoal com cada um deles”.
Para evitar essa insidiosa tentação, o Papa nos convido a um gesto bem concreto no dia Mundial dos Pobres: “Como seria significativo se, no Dia dos Pobres, esta preocupação fosse também a nossa! Ou seja, convidar para partilhar o almoço dominical, depois de ter partilhado a Mesa eucarística”.
Mesmo que não tenha feito explicitamente a citação, nós encontramos essa provocação também em Lc 14,12-14. Nela, Jesus nos exorta: “quando ofereceres um almoço ou uma ceia, não convides teus amigos, nem teus irmãos, nem teus parentes, nem teus vizinhos ricos, para que não te convidem por sua vez e isso te sirva de retribuição”.
Os convites mútuos que fazemos são um costume social que ajudam a garantir um círculo de bem-estar material e afetivo. Convido pessoas do meu círculo de amigos e sou também convidado por eles: refeições, viagens, trabalhos, projetos, etc. Isso assegura ao grupo de amigos não só uma agradável convivência, mas também que as atividades feitas em comum se realizem bem. O problema disso tudo é quando desse círculo começam a ser excluídos os outros, de modo especial os pobres e os indesejados.
O amor que Jesus prega e pratica rompe o círculo de amizades exclusivas em favor dos indigentes. O que estava reservado somente para o círculo de amizades, agora se abre para favorecer quem não era convidado. Nisso consiste a amizade social: ela é efetivamente uma relação de afeto e de escolha, mas se abre para incluir o diferente, o distante, o indesejado, o adversário, o ofensor, o pobre, o estrangeiro.
A vida verdadeira não se funda na lei da retribuição: “Dou-te para que me dês! Convido-te porque espero que me convides. Ajudo-te porque sei que, no futuro, tu virás em meu socorro”. Essa atitude converte a vida em negócio e networking. O mundo de Jesus, pelo contrário, não está centrado na barganha, mas no amor que dá gratuitamente.
O convite interesseiro tem seu pagamento limitado a este mundo passageiro. O amor desinteressado e gratuito tem seu pagamento na vida eterna: “Então serás bem-aventurado, pois esses não têm como te retribuir! Receberás a retribuição na ressurreição dos justos” (Lc 14,14). Ou como diz o ditado: “Quem dá aos pobres, empresta a Deus”. De fato, como Cristo recupera gloriosamente o que perdeu na morte, assim os cristãos recuperam, transfigurado em glória, o que soube dar gratuitamente aos outros.
Tudo isso fazemos porque é assim que Deus age em relação a nós: Ele não ganha nada ao nos amar; não está interessado em algo nosso, mas está interessado unicamente em nós mesmos. Assim o ensinamento de Jesus tem como objetivo que sejamos perfeitos como o Pai Celeste é perfeito no amor.
À luz do Evangelho, perguntemo-nos: tenho pobres como amigos? Ou só procuro fazer amizades que gratificam?
Fonte: Site CNBB SUL 1
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